Caderno pedagógico: possibilidades dialógicas entre o letramento literário, a formação omnilateral e uma leitura emancipadora no EMI

Abstract

Caro educador, Veja só: depois de tantos anos atuando como professor de Língua Portuguesa e Literatura brasileira, com uma aposentadoria concretizada e na iminência de enveredar pela segunda, eis-me aqui com as mesmas inquietações dos mais jovens. Por vezes, como você, já declarei que os estudantes não se interessam por leitura. Que não manifestam afeição por livros. Que assistem às aulas, como quem cumpre um ritual. E quantas vezes declinei dessas quase convicções, ao constatar que eles se entregavam às leituras rápidas e ofuscantes dos vários gêneros midiáticos, o que me levava a advertir-me precipitado e alheio. Afinal, por quantas vezes, olhos marejaram quando lhes recitei um poema? Quem não ouviu, uma vez sequer, “a aula já acabou professor(a)?”, “professor(a) que texto lindo!”, “professor(a), eu li o texto para a minha mãe; ela amou!” Pois bem, se não estamos numa terra arrasada, por que me dirijo a você? Sem o temor de me corrigir depois, eu gostaria de dividir contigo um descontentamento que me assalta desde o primeiro dia em que escolhi dar aula: o que explica a distância dos nossos estudantes dos seus escritores conterrâneos e, portanto, regionais? Por que é manifesta nos jovens o valor daquele nome que identifica um espaço próximo de si, como um monumento, uma rua, aquela avenida, uma praça, o seu bairro, um povoado, a sua cidade e, no entanto, jamais leu uma dúzia de palavras do seu ilustre conterrâneo? Finalmente, por que a gente não conhece a gente? Por isso, eu lhe peço licença para apresentar este Produto Educacional que reflete o desenvolvimento da pesquisa “Possibilidades dialógicas entre o letramento literário, a formação omnilateral e uma leitura emancipadora no Ensino Médio Integrado no IFS, desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional e Tecnológica, orientada pelo Prof. Dr. José Osman dos Santos. Seu propósito é trazer uma sequência didática com a intenção de legar a discentes e educadores uma proposta de letramento literário a partir da orientação de Rildo Cosson (2020), pretendendo contribuir para o campo da educação e, mais especificamente, motivar o hábito da leitura literária com ênfase nas autorias regionais. Por isso, a concepção deste material, abordagens e atividades tentam aproximar o aluno/leitor da obra “Navios Iluminados”, do lagartense e sergipano Ranulfo Prata. Naturalmente, não se espera que essa colaboração se encerre em si mesmo, como se se constituísse numa bolha, exata dentro de si mesma. Espera-se que a concepção dela seja replicada na pretensão e diferente na sua essência. Estamos tratando da formação de leitores, não é mesmo? Confiamos que a prática social da leitura, bem orientada e dialógica, compensarão os nossos esforços no sentido de nos lançarmos a novas e suficientes práticas para formarmos omnilateralmente. Torço para que este Caderno Pedagógico seja tão útil para você quanto o foi para mim. Bom trabalho.