Reflexões acerca dos desafios ético e metodológicos na pesquisa com crianças

Abstract

Este artigo procura analisar as questões éticas e metodológicas enfrentadas em uma pesquisa com crianças de três anos em um contexto específico de uma Escola de Educação Infantil. Alicerçada em autores como Corsaro (2005, 2011), Sarmento (2003), Kramer (2002), Graue e Walsh (2003), Fernandes (2016), Borba (2005), Christensen e Prout (2002), dentre outros, que têm contribuído significativamente para o campo da sociologia da infância através da realização de pesquisas com crianças, procurei apontar, no desenrolar do texto, alguns desafios éticos envolvidos no estudo com crianças, decorrentes da intenção de dar voz às crianças, reconhecendo-as como coparticipantes no desenvolvimento da pesquisa. Nesse contexto, abordo algumas questões éticas envolvendo aspectos como as interações entre pesquisador e sujeitos na entrada no campo e as permissões para participação do grupo. São problematizados os procedimentos usados e as diferentes formas de participação das crianças: questões como autoria e anonimato sugerem diferentes formas de situar a atuação das crianças na pesquisa, o uso cuidadoso de imagens e das transcrições dos textos, sendo necessário uma mediação criteriosa a fim de não deturpar a fala das crianças e o contexto de sua produção. Apresento também alguns desafios éticos enfrentados no processo de devolução dos achados da pesquisa. Por fim, concluo que na experiência de pesquisa discutida neste artigo, percebe-se que a busca do diálogo com as crianças, mais do que um princípio metodológico consistiu em um princípio ético dialógico entre pesquisador e sujeitos da investigação, levando a assegurar que as vozes e as identidades desses sujeitos fossem respeitadas e evidenciadas na pesquisa.